Kyoto e Nara – O Japão das Capitais
Depois de nosso passeio por Hiroshima, ainda no dia 25/09/15, seguimos para a estação de Shinkansen (trem bala) para seguir viagem até um dos destinos mais esperados dessa nossa passagem pelo Japão, Kyoto. A viagem durou cerca de 2 horas pois tivemos que fazer uma “baldeação” em Shin-Osaka, mas foi muito legal viajar a mais de 230 km/h no famoso trem bala japonês.
Kyoto ou Quioto é uma das mais belas e ricas (culturalmente) cidades japonesas. Fundada sob o nome de Heian-kyo (Capital da Paz e Tranquilidade) no século 6, quando a capital do Japão foi deslocada de Nagaoka, sua construção seguiu o modelo de urbanização da capital chinesa da Dinastia Tang chamada Chang’an, com avenidas largas e disposição dos edifícios de acordo com as técnicas de feng shui.
Durante mais de mil anos, até a a mudança da capital japonesa para Tóquio em 1869 pelo Imperador Meiji, a Cidade de Kyoto foi a residência oficial da Família Imperial japonesa e capital oficial do Japão. Como resultado disso, existem apenas em Kyoto cerca de 1600 templos budistas e outros 400 templos xintoístas.
No aspecto cultural, Kyoto foi o local onde muitas das artes tradicionais japonesas como o teatro Kabuki, o ikebana, a música e a dança foram desenvolvidos e aperfeiçoados à excelência que vemos hoje. Por isso Kyoto é considerada uma cidade super refinada e elegante; tão elegante e culturalmente importante que foi poupada pelos bombardeios norte americanos na Segunda Guerra Mundial.
Com tudo isso já dá para imaginar que nem de longe daria para conhecer tudo que Kyoto tem a oferecer em apenas dois dias, por isso tivemos que selecionar apenas as principais atrações da cidade, deixando os demais para uma outra oportunidade (e que seja logo, pois a lista é enorme).
Começamos nosso passeio no dia 26/09/15 pelo Templo Zen Budista de Rokuon-ji (Templo do Jardim dos Veados), também conhecido como Kinkaku-ji (Templo do Pavilhão Dourado). Construído em 1397 pelo Shogun Ashikaga Yoshimitsu, esse maravilhoso templo é um dos cartões postais do Japão. O Shariden (Pavilhão Dourado), que tem as paredes do segundo e terceiro andares revestidas de ouro, teve que ser reconstruído duas vezes após ter sido incendiado durante a Guerra Onin (1467-1477) e por um monge em 1950.
Seguindo o nosso passio pela histórica Kyoto, seguimos até o templo xintoísta de Heian (Heian Shrine). Esse templo foi construído em 1895 para o aniversário de 1100 anos da cidade e sua arquitetura é uma réplica em escala (5/8) do Palácio Heian de Heian-kyo (antigo nome de Kyoto). O destaque do templo é o bonito jardim localizado nos fundos do templo, onde passamos uma boa parte do nosso tempo.
Voltando ao budismo, fechamos nosso dia em Kyoto visitando o Templo de Kyomizu-dera fundado em 778. O prédio principal foi construído em 1633 por ordem de Iemitsu Tokugawa, terceiro shogun da Dinastia Tokugawa e se sua enorme estrutura já não for suficientemente impressionante, leve em consideração que não foi utilizado um único prego sequer na sua construção.
Antes de sair do templo, ainda tomamos a água da fonte Otowa-no-taki que se divide em três cascatas representando saúde, longevidade e inteligência. Como a origem da água é a mesma tomamos a água apenas de uma das cascatas na certeza que os três pontos estão cobertos (assim esperamos!).
Voltando ao hotel saímos no começo da noite para caminhar pelas redondezas e subimos até o observatório da Torre de Kyoto. Apesar de não ser alta (100 metros) a vista lá de cima é muito bonita.
No dia 27/09/15 foi a vez de conhecer outra antiga capital japonesa, Nara (710-794). Hoje com pouco mais de 350 mil habitantes, é uma cidade super tranquila e muito verde onde vivem muitas pessoas que trabalham nas cidades de Osaka e Kyoto, distantes cerca de 40 minutos de trem.
Da mesma forma que Kyoto, Nara tem uma história super rica e muito bem preservada. Existem diversos templos budistas e xintoístas na cidade, muitos dos quais declarados Patrimônio da Humanidade pela Unesco, mas como o tempo era curto ficamos com os dois mais importantes.
O primeiro local que visitamos foi o Templo Budista de Todai-ji, onde está localizada uma estátua de Buda feita em bronze com 15 metros de altura e 500 toneladas; o prédio construído em 743 para abrigar o enorme Buda de bronze é considerado uma das maiores estruturas de madeira do mundo e foi erguido por mais de 2.6 milhões de trabalhadores, segundo os registros da época; impressionante se considerarmos que o Japão tinha aproximadamente 5 milhões de habitantes nessa época.
Saindo de lá seguimos para o Templo Xintoísta de Kasuga-taisha, que foi fundado em 786 e até hoje continua servindo como um templo xintoísta. O templo foi reconstruído várias vezes, mas o principal destaque são as milhares lanternas de pedra que adornam o lado externo do templo.
Após o almoço retornamos a Kyoto e paramos para caminhar pelo bairro histórico de Gion, famoso distrito das gueixas. Ao contrário do que Hollywood “ensina” em seus filmes, as gueixas não são prostitutas; são mulheres que desde muito cedo (entre 15 e 18 anos) se dedicam única e exclusivamente à arte e ao entretenimento (dança, canto, música e jogos).
Quando estão na condição de aprendizes são chamadas Maiko e andam na companhia de uma Geiko (ou Gueixa), mas à medida que elas ganham experiência e aperfeiçoam as técnicas de dança, canto etc., passam para a condição de Geiko e se tornam independentes. Em comum, todas elas são solteiras; quando se casam deixam de ser geikos ou maikos.
O distrito de Gion concentra as principais casas de geikos, mas é impossível para uma pessoa entrar sem o convite de um cliente regular da casa. Além disso, um jantar na companhia de uma geiko (que sempre vem acompanhada de uma maiko além de pessoas que tocam os instrumentos musicais) pode custar cerca de 1.000 USD por hora.
Como não temos o dinheiro e, principalmente, o convite para conhecer uma dessas casas, fizemos um passeio a pé pelas ruas do distrito de Gion, na esperança de encontrar alguma geiko ou maiko caminhando pelo bairro, mas isso não aconteceu. Mesmo assim foi muito legal conhecer um pouco mais sobre gueixas e quebrar alguns preconceitos.
Com esse passeio fechamos (infelizmente) nossa passagem por Kyoto. Na segunda-feira (29/09/15) seguiremos para Kanazawa e de lá para Takayama e Tóquio.