Acre – O Primeiro Estado do Brasil
No dia 30/11/15 deixamos o Equador e entramos no Peru. Nós estávamos super apreensivos e um pouco desanimados por retornar ao Peru em razão do trânsito. As estradas no Peru são boas (melhores do que as nossas BRs), mas os motoristas são totalmente imprudentes; além disso, quando entramos nas cidades temos que dividir o espaço com motos, taxis e tuc-tucs (um caos).
Nós cruzamos a fronteira por Tumbes, onde foi montado uma fronteira integrada Peru/Equador. Isso supostamente deveria agilizar os procedimentos, mas não foi bem assim. A imigração é simples, mas a aduana foi bem complicada; má vontade, malandragem para tentar tirar dinheiro e muita burocracia depois, conseguimos fazer a importação temporária do Godzilla.
Nosso plano era cruzar o Peru o mais rápido possível, já que o final do ano está chegando e gostaríamos de passar o Natal em casa. Assim, seguimos da fronteira até Piura no dia 30/11; de Piura a Chimbote no dia 01/12; de Chimbote a Lima no dia 02/12; e de Lima a Nasca no dia 03/12. Quando saímos de Nasca no dia 04/12 já tínhamos rodado mais de 2.000 dos 3.200 km totais, e parecia que tudo correria bem, mas quando estávamos a cerca de 150 quilômetros de Abancay, literalmente no meio do nada, o Godzilla deu sinais de que algo não estava bem.
Paramos no acostamento, mas não tinha sinal de celular e nenhum socorro por perto. O jeito foi pedir a um caminhoneiro que nos levasse até um lugar onde pudéssemos pedir um reboque. Ele gentilmente nos rebocou por aproximadamente 30 km até o pedágio, onde conseguimos um guincho da concessionária que nos rebocou até um povoado pequeno chamado Chalhuanca.
Em Chalhuanca paramos em uma oficina, mas eu (Dan) entendia mais da mecânica da nossa Land Rover do que o mecânico, e obviamente não havia peças de reposição para o nosso carro. O jeito foi dormir em um pulguero qualquer e no dia seguinte (05/12/15) colocar o Godzilla em um caminhão (em Chalhuanca não existem guinchos) e levá-lo até Cusco, a mais de 300 km de distância, onde já tínhamos feito contato com integrantes do Land Rover Clube Peru, que se dispuseram a nos ajudar.
Após uma desconfortável viagem de mais de 7 horas na boléia do caminhão, chegamos em Cusco e encontramos com o John, John coreano, Sandro e seu filho Giordano. Eles nos ajudaram a tirar o Godzilla do caminhão e nos rebocaram até a casa do Sandro, onde diagnosticamos que o problema era o eixo do balanceiro que quebrou em 4 partes, fazendo o Godzilla parar. Esse problema foi provavelmente causado pela quebra da correia dentada no Equador, mas não foi diagnosticado pelo Boris do Talleres Faconza.
No domingo contamos com a ajuda de outro membro do Land Rover Clube Peru, Nickola, que correu até uma oficina especializada em Land Rovers de Lima, falou com o dono, comprou a peça que nós precisávamos para realizar o reparo e despachou em um voo da Lan de Lima para Cusco. Detalhe, isso tudo aconteceu no dia 06/12/15, DOMINGO. Não temos como agradecer toda ajuda que recebemos!
Na segunda-feira (07/12/15) logo cedo nós passamos no Aeroporto de Cusco para buscar a peça enviada pelo Nickola, e fomos até a casa do Sandro para terminar de montar o motor. Mais duas horas de trabalho, algumas ligações para o Luiz Fraga da The Specialist para tirar dúvidas técnicas e voilà, o Godzilla voltou à vida!
Com o Godzilla de volta, na manhã seguinte (08/12/15) saímos de Cusco com destino à nossa última parada em terras Peruanas, Puerto Maldonado. Nós estávamos um pouco preocupados com essa parte da viagem pois a Província (Estado) de Madre de Dios é foco de inúmeros problemas com a atividade ilegal de mineração e sofre constantemente com bloqueios da Rodovia Interoceânica (rodovia que liga o Peru ao Brasil). O último bloqueio aconteceu no dia 27/11 e durou até o dia 03/12, quando foi (teoricamente) suspenso, mas não conseguíamos informações concretas sobre a situação.
(imagens da internet)
Além do bloqueio, a região sofreu recentemente com dois fortíssimos terremotos que sacudiram até a capital do Acre, Rio Branco. Novamente era muito difícil encontrar informações sobre a situação da estrada e das cidades, mas no fim deu tudo certo e não encontramos nenhum problema (nem com o bloqueio e nem com o terremoto) e depois de muito sobe e desce, entramos no primeiro estado brasileiro (em ordem alfabética), o Acre.
Ufa, passaram exatos 445 dias desde que saímos com o Godzilla do Brasil. Nós retornamos algumas vezes, mas o nosso companheiro de viagem só agora retornou à nossa judiada e muitas vezes ignorada terra natal. Da fronteira ainda dirigimos cerca de 350 km até a capital acreana, Rio Branco. Infelizmente a condição da estrada, que era muito boa no Peru, passou para horrível e cheia de buracos no lado brasileiro, mas o gostinho de estar em casa (pelo menos no jardim chamado Amazônia) era tão bom, que “quase” não notamos as enormes crateras da estrada…
Agora vamos seguir pelas estradas do Centro Oeste Brasileiro com destino ao nosso ponto de partida, São Paulo.